Fernanda Ribeiro é empreendedora e uma mulher cheia de planos. Ela criou o Afrobusiness, que tem como objetivo criar mecanismos que promovam a integração entre empreendedores, intraempreendedores e profissionais liberais, fortalecendo o processo de inclusão social e econômica da população negra.

É filha de Mauricio e Zilma, esposa do Sérgio e tem uma família grande. São quatro irmãs, cinco sobrinhos e um sobrinho-neto.

E são todas essas pessoas que são suas maiores motivações. “Vejo que existe uma tendência muito grande de valorização da persona profissional, que morre cada vez que saímos de uma empresa, quero ser sempre a Fernanda Ribeiro e não a Fernanda da AfroBusiness. Acima de tudo, sou uma pessoa normal com medos, dores, defeitos, qualidades e muitos planos (realizados, em processo de realização e que ainda estão para se realizar).”

Como uma profissional múltipla, ela se define como uma pessoa que é da geração barra, barra: “Sou turismóloga por formação / “barra” empreendedora / “barra” diretora executiva da AfroBusiness.

Construí uma carreira ascendente no mercado corporativo, trabalhei em empresas multinacionais nas áreas de qualidade, e-commerce, experiência do cliente, treinamento e comunicação interna.

Atualmente, me dedico ao desenvolvimento de ações e programas para fomento da diversidade, inclusão econômica e social relacionados às temáticas de gênero e étnico-raciais, com ênfase em empreendedorismo e finanças. Sou co-fundadora e CCO da Conta Black, que é uma fintech social e Presidente da Associação AfroBusiness.”

Como podem ver, uma mulher que não para! Fernanda mantém a cabeça funcionando o tempo todo, pensando especialmente em como mudar a realidade da população negra, ainda muito desvalorizada no nosso país – e no mundo.

Ela diz que no cenário de Fintechs, a presença de mulheres é bem limitado e quando isso para um recorte étnico, pouquissímas negras estão inseridas e isso precisa mudar, afinal, a maioria da população é negra. Por que não estão nesses espaços?

Como mulher negra, Fernanda diz que é difícil passar um único dia de trabalho isenta de alguma situação de preconceito. “O preconceito e o racismo se apresentam desde o formato mais sutil até o mais direto e perverso.

 

Já aconteceu, por exemplo, em evento eu ser barrada da área de palestrante, porque o segurança não acreditava que eu “tinha cara de palestrante”. Como se houvesse um perfil único para isso.”

 

 

Falando sobre o Afrobusiness, a associação foi fundada por três profissionais, sendo um intraempreendedor, um empresário e um profissional liberal e, em um primeiro momento, era pra ser apenas uma plataforma de networking, até mesmo porque eles se conheceram por meio de apresentação de outras pessoas.

“Queríamos ter uma rede maior com profissionais que nos assemelhavam fisicamente, negros e consequentemente passavam pelos mesmos desafios. Porém, com pouco tempo, enxergamos a necessidade de nos institucionalizamos e assim criamos a associação.

Quando começamos a conectar os profissionais por meio da plataforma que criamos, identificamos que a maioria deles tinha necessidades que poderiam ser resolvidas por meio de treinamento e capacitações específicas, para que, de fato, nossos objetivos fossem atingidos.

Hoje contamos com um portifólio variado de projetos, envolvendo: benchmarking em grandes corporações, eventos de networking, rodadas de negócios, plataforma de conteúdo empreendedor online, capacitação voltada para comércio eletrônico, aceleração de pequenos negócios e mentorias.”

 

 

O Afrobusiness é para a Fernanda um grande orgulho. É a realização de um plano incrível que beneficia muitas pessoas “As trocas são tão ricas e verdadeiras, que não consigo me enxergar fazendo outra coisa diferente nos próximos anos.

É muito gratificante acompanhar o crescimento de cada uma dessas pessoas que estão mais próximas e o feedback de quem está mais longe. Hoje, a tecnologia nos proporciona o contato com pessoas de outros estados num formato tão próximo, que é extremamente empolgante. Fico feliz com cada pequena evolução!”

Para quem quer fazer parte do Afrobusiness e ser uma pessoa que pode ajudar outras e realizarem seus planos, é só acessar o site e preencher um formulário com suas informações pessoas e sobre o seu negócio. Assim, o próprio sistema faz uma busca na rede para encontrar quem tem um “match” com o seu perfil.

Falando sobre a inserção dos negros no mercado de trabalho, Fernanda diz que é bom ver o assunto sendo discutido de forma tão ampla, porque pode gerar resultados positivos em um futuro próximo. Mas, tudo tem dois lados:

“Eu vejo muita coisa: empresas que pregam uma diversidade de faixada para se ‘sairem bem’ nos relatórios de sustentabilidade. Também vejo empresas que se colocaram numa posição de aprendizado para buscar resultados efetivos, o que é muito bom.

 

É importante sempre ter uma visão de fora para dentro, porque inserir negro como estagiário e aprendiz, sem colocar pessoas na média e alta gerência, definitivamente não é se colocar como protagonista nesse processo de mudança. E só falar desse assunto em novembro, por conta da Consciência Negra, sem ter plano de ação e metas, piorou!

 

Para acabar com o preconceito racial, Fernanda diz que esse não foi um problema criado pelos negros, então, as pessoas brancas têm um papel fundamental na solução disso.

“Acho fundamental falarmos do assunto sempre, com a família, com amigos, colegas de trabalho, com crianças, jovens e por aí vai. O dialogo é sempre o melhor caminho, mas é imprescindível ter uma escuta empática de todos os lados, respeitando os lugares de fala.

 

É necessário começar a questionar as estruturas as quais estamos inseridos. As pessoas precisam parar de enxergar com naturalidade o fato de ligarmos a tv e 90% dos atores serem brancos e os negros inseridos sempre em papéis estereotipados. E esse questionamento não deve vir somente das pessoas negras.”

 

 

Se tem uma coisa que falta pra Fernanda são Planos. E ela procura organizar todos eles em uma perspectiva de tempo: o que ela deseja realizar em um curto, médio ou longo prazo. Ela diz que pensar assim é essencial pra que ela mantenha a sensação constante de prazer. Sabe a premissa de aprender a celebrar as pequenas coisas? É isso.

“A curto prazo quero conseguir tirar umas férias e fazer uma viagem de descanso que estou planejando, as metas de curto prazo profissionais, consegui cumprir. A médio prazo quero bater algumas metas numéricas da fintech e a realização de um ano sabático para um mestrado que pretendo fazer fora do Brasil.

E, a longo prazo: filhos – que talvez não necessariamente envolveria uma gravidez –  e transição da minha posição na Afrobusiness e na Conta Black.

Pra quem está aí na luta pra ocupar espaços, a Fernanda deixa várias dicas importantes pra te fazer ter força pra seguir adiante com seus Planos:

“Bom, muitas vezes os “espaços” e as pessoas que os ocupam, seguem uma lógica opressora para inibir a nossa presença neles. Eu diria que a ocupação se faz necessária, mas é importante respeitarmos a nossa vontade própria.

Não deixe NINGUÉM, lhe dizer qual espaço é para você.

Tem uma frase da Shonda Rhimes, que eu gosto muito e retrata essa questão de viver a vida dia a dia, sem autocobranças : ‘Talvez você saiba exatamente o que pretende ser, ou quem sabe esteja paralisada porque não tenha ideia de qual seja a sua paixão.

A verdade é que tudo isso não importa. Você não precisa saber. Você só precisa seguir em frente. Você só deve continuar fazendo algo, aproveitando a próxima oportunidade, permanecendo aberta para tentar algo novo.'”

Que inspiração! Fernanda traz pra gente uma lição valiosíssima que é, acima de tudo acreditar em si mesma. Acredite em você, no seu propósito e siga em frente. Nada é mais valioso que os seus planos e só você pode ir atrás deles e realizá-los.

Se você conhece uma mulher inspiradora também, é só mandar pra gente por e-mail no elatemumplano@planofeminino.com.br. Vamos formar uma rede poderosa de histórias de mulheres incríveis que estão fazendo acontecer por aí!

 

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