Ser feminista não é fácil. A gente sabe que muita gente não entender o real significado do que essa simples palavra engloba e as mulheres acabam sendo julgadas como extremistas ou como aquelas que querem o lugar dos homens, entre tantos outros absurdos.

 

Como é muito comum os julgamentos, não foi diferente com uma mulher, Roberta Dominici, que se posicionou perante um homem para que pudesse ter o direito de falar, de concluir seu pensamento e eis que ela ouviu: “Nossa, ela é mandona! Coitado do homem que se casar com você”. A resposta, foi lacradora, claro e está no seu perfil no Facebook:

 

COITADO DO HOMEM QUE CASAR COM VOCÊ.

Ontem eu mandei um homem se calar pra eu terminar de falar. A resposta dele foi imediata: “Noooossa! Ela é mandona. Coitado do homem que casar com você.”

 

Bem, eu sou casada. Com um homem. Há 5 anos. Eu não conto casamento a partir do civil, mas a partir de quando ele se mudou pra minha kitnet e a gente carregou juntos os móveis dele pro meu barraco pela rua, rindo e tropeçando, com a ajuda de alguns amigos. Naquele dia eu casei. No civíl fazem 3 anos.

 

Uma vez perguntaram pra ele como é casar com uma feminista e ele não soube responder porque pra gente parece muito normal. A ideia que as pessoas fazem das feministas é muito confusa. É como se eu fosse fazer o “papel do homem” e ele, para haver equilíbrio, tivesse que fazer o “papel da mulher. Eu deveria bater nele quando ele não me obedecesse, eu deveria dar ordens, eu jamais deveria cozinhar, eu jamais deveria lavar uma roupa dele, eu deveria me negar a tudo o tempo todo. Eu deveria estuprá-lo quando ele não quisesse transar.

 

A verdade é que as coisas não acontecem assim, nem o contrário disso. Se eu tiver com a mão na massa eu do um grito do quintal pra ele trazer aquela meia pra eu lavar logo. Se ele tiver com a mão na massa ele lava uma calcinha. Eu acordo mais cedo e faço pão com ovo, levo na cama. Se eu preciso terminar aquele trabalho da faculdade eu levanto os pés no sofá e ele limpa a casa sozinho. Eu odeio lavar louça então sempre é ele que lava, mas por vezes ele está estudando e eu lavo, porque… porque não custa nada.

 

Quando ele é machista eu dou uma olhada torta sim e a gente senta e conversa. Pergunto se ele perdeu a cabeça e ele acha rapidinho. Nunca gritamos um com outro. Nunca, jamais por briga nenhuma dormimos separados. Se ele quer transar e eu não eu digo: “Coitado! Vai dormir tarado!” A gente ri e dorme de conchinha.

 

Eu poderia fazer um livro com uma lista de coisas que fazemos ou não fazemos que fazem de nós, mesmo sendo um casal hétero, o oposto do que seria a família tradicional brasileira. Ou do que seria um casamento “normal”. Sobre “como é casar com uma feminista” é simples. Eu não tenho nenhuma obrigação por ser mulher, ele não tem nenhuma obrigação por ser homem. Temos igualitariamente a obrigação de não sermos babacas ou submissos um ao outro.

 

Então assim, eu perguntei pra ele se ele se acha um coitado por ser casado com uma feminista. A resposta foi que não. Ele disse que tá muito feliz, obrigado. 

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