Este foi o ano em que os movimentos femininos ganharam força e voz. Tanto na Internet quanto nas ruas,  as mulheres se uniram para denunciar, reivindicar, lutar. Tanto no Brasil  quanto no exterior, na publicidade, na indústria do entretenimento, na política, elas decidiram que era hora de agir.

No Brasil,  os movimentos #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto mostraram na rede histórias de assédio, abuso e machismo, inclusive na infância, e trouxeram a discussão para a pauta do dia a dia em programas de TV, revistas, conversas.

Confrontadas com a intransigência da PL 5069 e a possibilidade de mulheres perderem o direito legal de assistência médica completa e interrupção da gravidez em caso de estupro, elas se juntaram e foram às ruas para dizer não ao retrocesso, à opressão e à corrupção.

Elas se indignaram com o assédio sexual contra menores e mostraram que não podemos mais calar.  Jout Jout prazer disse e todos nós,  inclusive o Google,  apoiamos : vamos fazer um escândalo,  vamos denunciar,  vamos mostrar que não é normal assediar uma menina de 12 anos.

Elas mostraram que estão cansadas de propaganda que objetifica a mulher pra vender cerveja,  ou que só veem o velho estereótipo do anjo do lar,  a mulher que só pensa na família. A campanha #imnoangel da Lane Bryant atacou diretamente a noção de “corpo perfeito”  da Victoria’s Secret.

Os ecos disso chegaram em Cannes,  que criou a categoria Glass Lions para premiar campanhas que ajudassem a mudar estereótipos de gênero. O festival ainda estimulou a liderança criativa feminina com o See it,  be it  e ainda concedeu Grand Prix para campanhas de empoderamento feminino como  já consagrada “Like a Girl“, que foi uma das 6 campanhas com esse enfoque que levaram Grand Prix. E o Plano Femini no esteve presente na cobertura especial como parceiro oficial de Cannes, com conteúdos especiais sobre este momento. Ano que vem estaremos por lá pessoalmente! 

No cinema,  o discurso de Patrícia Arquette ao receber o Oscar de melhor atriz coadjuvante mostrou que as mulheres ainda lutam pela igualdade de oportunidades e de salários e foi depois ecoada pela jovem estrela Jennifer Lawrence em carta aberta ao mercado. Outro grande momento foi a virada do Calendário Pirelli de Annie Lebovitz,  que trocou as musas do padrão estético por mulheres de destaque como a incrível Serena Williams.

Outra atriz que marcou esse ano foi Viola Davis e seu discurso ao receber o Emmy, ao falar da importância da representatividade positiva da mulher negra na mídia emocionando a todos.  E como esquecer a consequência direta disso,  ver sua filha no Halloween vestida como a mãe no Emmy,  pois é isso que ela quer ser.

E, para fechar o ano, três grandes franquias blockbusters,  Mad Max, Jogos Vorazes e Star Wars,  trouxeram Heroínas que provaram que mulheres podem ser protagonistas de filmes de ação e que não precisam estar escoradas em romances para serem relevantes para a trama. Lá fora,  a hashtag #AskHerMore pedia que a mídia perguntasse mais para as atrizes do que apenas sobre regimes e quem era o estilista daquele vestido. A Cosmopolitan fez uma hilaria entrevista com Scarlett Johansen e Mark Buffalo invertendo os papéis e fazendo as perguntas interessantes para ela e as sobre roupas e peso para ele.

Foi o ano também de movimentos como o “VamosJuntas?“, uma iniciativa que incentiva mulheres a socorrerem e ajudarem umas às outras em situações e locais de risco,  mobilizando milhares de pessoas.  O Minas Nerds  criou um espaço para mulheres nerds se expressarem,  discutirem seus gostos e até promoverem trabalhos sem assédio ou agressão. Afinal,  foi nesse ano que a jornalista Ana Paula Freitas fez uma reportagem sobre o machismo no mundo geek para depois sofrer na pele a experiência do ataque virtual.

É,  2015 foi um ano e tanto.  Não é à toa que a imprensa chamou esta de “A Primavera das mulheres“,  em referência à onda de revoluções da Primavera Árabe. O feminismo caiu no Enem com pergunta sobre Simone de Beauvoir e tema de redação sobre Violência Contra a mulher. O resultado de tudo isso? A Central de Atendimento à Mulher, que atende pelo número 180, teve um aumento de 40% das denúncias.

Este é apenas o começo de uma nova jornada pelos direitos da mulher. Pode vir 2016, a Força está do nosso lado.

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