A filósofa Judith Butler veio pela segunda vez ao Brasil para participar de duas conferências relacionadas à democracia no SESC Pompeia, em SP. Ela, que é uma das grandes referências no feminismo e estudo de gênero, foi recebida por manifestantes que a criticavam e outros que defendiam seus ideais.

Mas o que assustou mesmo e o que nos assusta cada vez mais é como esses “críticos” se desenrolam e se apresentam. O que vimos ontem foi um verdadeiro show de horror. Havia, inclusive, um boneco com um papel colado onde seria o rosto, com a foto de Judith. Este boneco foi queimado sob os gritos: “queimem a bruxa”. Agora, me digam, onde estamos? Onde está o respeito?

 

 

Este é o tipo de atitude que só nos leva a refletir em como estamos vivendo em um ambiente hostil e cada vez mais propício à censura por meio de grupos extremamente conservadores e reacionários, que parecem querer acabar com toda a liberdade de expressão que levamos anos para conquistar. Parece que hoje o que vivemos é uma verdadeira caça às bruxas, onde tudo pode ser queimado e censurado a seu bel prazer.

“a postura de ódio e censura é baseada em medo, medo de mudança, medo de deixar os outros viverem de uma maneira diferente da sua”, afirma Butler.

Uma das coisas que me faz refletir sobre tremendo ódio é que as pessoas que se manifestam de forma tão agressiva, não conhecem a fundo o que a filósofa procura promover com seus conhecimentos. O que não se vê é que ela aborda não só questões de gênero e feminismo, mas também fala sobre outras questões extremamente importantes para a sociedade como a ética e efeitos do poder social.

 

 

Com manifestações conservadoras que beiram a violência, me pego pensando: em que século estamos? Estamos mesmo progredindo ou regredindo? Butler afirma que isso acontece em vários lugares do mundo, especialmente pelo momento econômico e político pelo qual vários países estão passando. Até mesmo porque ideologias do passado como o fascismo, racismo e supremacia branca, são coisas que ainda sobrevivem, por mais que tentemos, ainda não conseguimos apagar.

“Em diferentes partes do mundo, parece que estamos nos perguntando: ‘Que horas são? Em que século estamos?’ Nossas ideias de progresso estão nos iludindo. Alguns de nós achávamos que havíamos conquistado essas forças políticas. Mas elas não foram vencidas, e a luta contra elas é constante”.

A verdade é que as pessoas temem o desconhecido e com isso tentam se “defender” das formas mais absurdas possíveis. Todos têm o direito de ter uma opinião favorável ou contra qualquer assunto. Mas daí a julgar alguém, a ponto de desejar que essa pessoa queime, como fizeram a inquisição há séculos atrás é demais. Estamos vivendo cada vez mais períodos de censura e retrocesso, em vez de evoluirmos, muitos se tornam cada vez mais conservadores, querendo colocar abaixo todas as conquistas que demoramos anos, séculos para conquistar.

 

 

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