Aquela imagem da mulher que esperava o marido com o jantar à mesa, que levava a toalha para seu benzinho no banheiro e alinhava seus chinelos para que ele os calçasse ao sair do banho – evaporou-se. O “Anjo do Lar” descrito e desprezado pela feminista Virgínia Woolf em 1930 não existe mais. Ela ficaria orgulhosa! Estamos conquistando muitas coisas boas desde que resolvemos ganhar nosso dinheiro e batalhar por nosso espaço.
O ensaio da mulher e suas conquistas no mercado de trabalho vem acontecendo há anos.
Não faz tanto tempo, em 1970 a porcentagem de esposas que ganhavam mais que seus maridos estava na casa do último dígito. Mas agora ninguém segura essa mulherada.
Dos anos 80 pra cá tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil , o número de mulheres no mercado de trabalho vem crescendo lindamente. Cerca de 40% das mulheres casadas são chefes de família. No Brasil, 32 milhões de mulheres pagam as contas de toda a casa. O estudo está como principal acelerador do avanço das mulheres no mercado de trabalho. Elas representam 56% dos estudantes universitários no país, segundo pesquisas da Nielsen. E a qualificação está fazendo com que elas alcancem cargos e salários ainda mais interessantes.
Em todo o mundo há uma geração de mulheres jovens entrando para o mercado mais preparadas e elas farão história como as mulheres financeiramente mais poderosas de todos os tempos. Lindo, né? Mas como fica o relacionamento marido e mulher nesta nova fase?
E se ele ganhar menos? O novo lema das mulheres que se bastam é bem esse. Agora ninguém precisa de marido para bancar as contas, o século XXI está cheio de boas novas pra gente, mas descobrir uma nova forma de se relacionar com os homens é essencial, especialmente se você for casada. Conversando com amigos sociólogos e psicólogos, descobri que a “Terapia de Casal” está na maioria das vezes ligada a esta situação. Então, garimpei algumas dicas aqui pra dividir com você.
Se questione e responda a você mesma:
Por que você está com esta pessoa?
Estar com alguém que tenha interesses em comum com você é demais e cada vez mais buscaremos isso. O cara não precisa ganhar mais. Precisa ser parceiro, cúmplice e uma companhia que te faça feliz.
Como vocês podem dividir as tarefas e obrigações do dia a dia?
Se você trabalha mais e chega mais tarde é justo que ele arrume o jantar, coloque as roupas na lavadora ou realize uma outra tarefa que a ajude no dia a dia. Muitos homens já assumiram o lar e os filhos na rotina de seu dia. Isso porque suas esposas assumiram cargos que exigem mais delas e precisam do apoio do marido em casa. Saber equilibrar esta nova rotina e ajudar um ao outro sem preconceito e enxergando as qualidades de cada um é o que fará a diferença entre os casais. O segredo é um não ofuscar o outro.
Você está feliz?
Muitas mulheres sentem-se pressionadas por estarem à frente da casa e dos compromissos financeiros da família. Isso porque seus parceiros não fazem questão de ajudá-las nas tarefas com a casa e os filhos. Elas se sentem sobrecarregadas. Este é o seu caso? Pare tudo, sente e tenha uma boa conversa a dois. A ideia da independência financeira da mulher tem de trazer prazer e não aprisionamento e estresse às mulheres. Entender este jogo de mudança de comportamento e realocação de papeis entre um casal é fundamental para que vocês vivam bem e felizes.
Eu passei anos da minha vida solteira ouvindo que estava solteira por ser independente demais. Sempre achei isso uma besteira. Venho de uma família onde minha mãe sempre foi mãe, pai, e provedora, e nunca fez sentido algum para mim ir contra isso só porque tem uns rapazes “pau mole” que não lidam bem com a independência feminina.
É muito complicado falar sobre isso, porque é toda uma conjunção de fatores. Ao mesmo tempo em que estamos aí, sendo maravilhosamente produtivas, temos, por exemplo, a mídia reforçando a ideia de que é a mulher quem cuida da casa. Todos os comerciais de produtos de limpeza ou artigos para bebês focam no papel da mulher. É a mulher quem limpa e cuida. Junte a isso as revistas que reforçam que mulher é “independente sem deixar de ser mulher” e temos aí essa mixórdia que é o nosso papel na sociedade.
Eu sempre ganhei mais que meu marido, e isso foi um pouco complicado no começo, mas fomos nos adaptando. E ele é ótimo administrador, então, apesar d’eu ganhar mais, ele me ajuda a me organizar e juntar dinheiro.
Conquistamos muita coisa, mas existe ainda um mundo a ser conquistado quando se fala em igualdade. Se a mídia não fosse esse caldeirão machista, talvez as pessoas começassem a refletir melhor a respeito disso.