Irradiante. Guerreira. Mulher real. A Malu – Maria Lucia Antonio – é do tipo de pessoa que você começa a conversar e não quer mais sair de perto. Falante e divertida, ela sobretudo, mostra o poder do feminino e de um plano. Formada em História pela UFMG, ela atuava no mercado como administrativo e quando descobriu a área de comunicação não teve dúvidas, faria parte deste universo.

Abriu mão do cargo de gerência que tinha na empresa em sua área, para se tornar assistente no departamento de marketing e absorver uma nova perspectiva de carreira. Absorveu tudo.  Completou 20 anos de mercado.  E hoje é diretora de marketing de uma das montadoras mais importantes do segmento no mundo – a FIAT. Divorciada e com uma filha de 23 anos, ela divide com a gente os desafios de fazer parte do universo de carros, design e motores.

Plano Feminino: Quem é a Malu?

Malu: Sou a mais velha de 5 irmãs, meu pai é árabe e todas fomos criadas para servir.  Minha mãe, a Divina, trouxe para nós a força do empoderamento. Foi ela quem nos conquistou. Ela nos incentivava a estudar, a buscar, a acreditar em nossos planos e a conquistar protagonismo para nossas vidas. É uma grande inspiração e foi uma motivação para que eu chegasse até aqui e encarasse os desafios da vida, sobretudo, de atuar num universo tipicamente masculino de igual para igual.

Conte para gente sobre sua construção de carreira na comunicação.
Já fiz de tudo nesta vida: trabalhei com vendas, finanças e circulei em outras áreas de trabalho como a sala de aula. Mas minha paixão pela comunicação começou quando eu trabalhava como gerente administrativa financeiro.  Numa reunião, descobri a área de propaganda e percebi que era aquilo que queria fazer da minha vida. Pedi para mudar de área e deixei o cargo de gerência para assumir como assistente de marketing. Queria aprender. Fiz um curso de especialização e fui trabalhar em uma agência em Belo Horizonte, onde fiz de tudo – passando por atendimento, mídia e tráfego. Consegui conhecer bem esta área.

Em 97, decidi que queria trabalhar com telecom, pois estavam iniciando um processo de privatização e em 1998 fui para a Telecom Itália Mobile, que estava em grande crescimento na época. Era responsável pelo lançamento de marca Maxitel, que depois se tornou a TIM, onde fui responsável pelo processo de mudança de marca. Um desafio importante que encarei e aprendi muito.

Trabalhava na ponte aérea Rio-São Paulo – era puxado. Na época era mãe de uma menina de 09 anos e, por conta disso, decidi voltar a BH e tentar um emprego que me permitisse estar mais próxima da minha pequena. Assim, conheci o Diretor de Latam da Fiat e ingressei neste universo.

E seu ingresso na indústria automobilística? Quais os desafios de atuar neste segmento?
A indústria automobilística é uma loucura, pois é um mundo totalmente masculino. Na época, as mulheres que encontrei logo que entrei, estavam desconstruindo o feminino, se tornando mais embrutecidas, para fazer parte daquele universo. Elas simplesmente não sabiam como serem femininas e respeitadas em um ambiente exclusivamente de homens. Mas o feminino é poderoso e acredito que de alguns anos para cá as mulheres têm percebido isso. A gente não precisa deixar de ser quem é para ter respeito e fazer parte de um time de profissionais onde a maioria é composta por homens. A cada dia vejo mais mulheres chegando e isso é demais.

Como se comporta o consumo das mulheres neste segmento?
Carro não é só coisa de homem. É de mulher também! E somos consumidoras importantes deste segmento. As consumidoras querem carros fortes, poderosos como elas, para levar sua vida dentro dele. Esqueça estereótipo de carro rosa e delicado. Isso não existe mais!

O carro para o brasileiro em geral tem um significado cultural muito importante, pois mostra de alguma forma o momento em que está socialmente – conquistas e crescimento profissional. Por isso, as pessoas trocam de carro conforme o momento em que estão vivendo.

As mulheres são as que mais têm comprado carro zero e detêm 96% do poder de decisão de compra de seus pares, influenciando na escolha da cor, modelo e ano do carro. (Nielsen)

Os estilos SUV’s, que são grandes, confortáveis e inspiram poder, estão cada vez mais na mira das mulheres que buscam carros com força e design. A gente resolve a vida dentro do carro, muitas vezes. Leva roupas para um evento à noite, agenda reuniões, realiza reuniões, se desloca para um compromisso e outro. Queremos um carro que tenha espaço e que nos dê conforto na correria de nossa rotina diária.

Como foi o processo de construção do carro, lembrando que a mulher tem uma grande influência no poder de decisão da compra de veículos?
É muito interessante ver que o time de criação do Toro –  nossa nova aposta de SUV –  é composto por mulheres e homens. Um time equilibrado com engenheiros e engenheiras que trouxeram para o design e robustez do carro, um modelo sem estereótipos. Um carro para mulheres e homens que precisam de conforto, espaço e força em um automóvel. Sem dúvida, um carro que atende as expectativas das mulheres que já não admitem serem estereotipadas nem por marcas, muito menos por produtos. Somos fortes e queremos ser representadas por nossa força.

As mulheres têm mais informação deste segmento em relação há dez anos?
Antes, as mulheres dificilmente iam sozinhas comprar um carro. Elas levavam o pai irmão, marido, tio… sempre uma figura masculina que entendia de veículo para auxiliá-las. Hoje elas estão empoderadas pela informação e querem fazer isso sozinhas. Não precisam de ninguém, decidem suas compras por elas mesmas.

O que você viu e vê hoje no setor que acredita que está em transformação e qual a sua dica para quem quer entrar no mercado?
Nunca houve tantas oportunidades. Hoje podemos fazer o que a gente quiser, independentemente da área. A discussão de gênero invadiu todas as áreas, inclusive o mercado de trabalho. Não tem mais o que é um trabalho para mulher e o que não é. As mulheres podem muito, basta acreditar e buscar o que desejam.

Qual sua dica para as leitoras do Plano sobre construção de carreira e liderança?
Trabalhar a autoestima é fundamental, pois estamos há anos ouvindo que determinada coisa não era feita pra nós. Não acredite nisso! A gente tem poder para ser e estar aonde quisermos. É importante estudar, saber sobre o que está falando, se preparar realmente para colocar seus planos em ação. Mas não pare. Avance! Eventualmente vai aparecer alguém pra tirar a prova, pra ver se você de fato conhece aquilo do que você fala, até que com o tempo isso passa e você consegue conquistar seu espaço. Seja firme, absorva informação e trabalhe sua autoestima. Você pode muito mais do que imagina. Acredite!

Valéria Carvalho Santos, 29 – Designer de produto – cores e acabamentos

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Design

“Para chegar aqui, o projeto foi um grande desafio – trabalhei anos nele, já tenho sete anos de casa, mas este foi meu primeiro projeto do zero – é como um filho.

A indústria automotiva ainda é um mercado masculino e muito exigente. É preciso ter foco e determinação. Resolvi entrar neste setor, porque fui inspirada pelo meu pai e irmã que atuam na área. Decidi que faria parte também. No começo intimida, mas a cada dia a gente absorve conhecimento e vai se desenvolvendo como profissional e aprendendo a trabalhar com o time, fornecedores e tudo mais. Temos sempre que pensar anos pra frente para trazer inovação e inspiração nas criações. É desafiador e gosto disso!
Nosso time de criação é composto em sua maioria por homens, mas as mulheres estão chegando. Minha coordenadora, a Isabela Viana, e outras quatro mulheres fazem parte do time de design da Fiat e um time misto traz muitos fatores importantes para a construção do carro.
Me sinto feliz em representar as mulheres neste setor e torço para que mais mulheres venham para o jogo da indústria automotiva. Para quem quer entrar é preciso considerar a possibilidade de estar em ambientes que muitas vezes nos limitamos por ser um setor masculino. Se você curte, não se limite. Enfrente os desafios e decida encarar, que dá certo!”

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