Recentemente eu fui ao banco e ouvi, na mesa ao lado, uma atendente fazendo uma super propagando do programa de título de capitalização da instituição. Na hora percebi que o cliente estava bem animado com a possibilidade de ser sorteado e ganhar uma bolada inesperada. Bom, eu já tive título de capitalização e encerrei meu plano depois de muito ler sobre o assunto.

Mas o que mais me motivou a escrever esse post é que eu não acredito em coincidências. Enquanto eu esperava para ser atendida neste mesmo dia na agência, momentos antes de ouvir a conversa na mesa ao lado, eu lia o novo livro do educador financeiro Gustavo Cerbasi (“Adeus, Aposentadoria”, Editora Sextante). E eu lia justamente a parte em que ele alertava sobre algumas estratégias de poupança que nem sempre eram as melhores, entre elas, o investimento em título de capitalização.

Bom, quem não quer que a sorte vente a seu favor e um dinheiro entre fácil para aliviar aquele mês de contas apertadas ou para você quitar a dívida do cartão de crédito de vez? Pois é, mas como qualquer sorteio, as probabilidades nem sempre são favoráveis. E o problema não está nos títulos de capitalização em si, mas a forma como são vendidos.

Não hesitei em procurar Cerbasi para comentar a questão e prontamente ele respondeu algumas perguntinhas valiosas sobre os tais títulos de capitalização. A entrevista é em primeira mão para vocês.

 

Plano Feminino – Alguns economistas falam que os consumidores devem evitar contratar títulos de capitalização? Ele é nocivo?

Gustavo Cerbasi – A questão não é exatamente que as pessoas devem evitar. O que elas não podem fazer é adquirir o produto sem saber exatamente o motivo de fazer isso. Geralmente, os títulos de capitalização são vendidos pelos gerentes de banco para que esses cumpram suas metas de vendas. Eles não recomendam. Na verdade, eles imploram. Se é para fazer um favor, que haja contrapartida: qual o benefício adicional que seu gerente vai conseguir se você ajuda-lo com os problemas dele?

 

PF – O título de capitalização é um tipo de investimento, não?

GC –Esse é outro ponto importante. Geralmente, a oferta da capitalização vem quando procuramos soluções de investimentos. Se seu gerente lhe oferecer capitalização como investimento, ele estará tentando te ludibriar. Investir é multiplicar recursos, e isso a capitalização não faz. Capitalização é uma maneira pouco eficiente de acumular recursos, mas uma ótima maneira de dar chance à sorte. Na prática, um título de capitalização é uma loteria que lhe reembolsa o valor apostado, com alguma correção (sempre inferior à inflação) caso você não seja contemplada. Mau negócio? Não! Se todos os brasileiros deixassem de jogar em loterias (mesmo as oficiais), bingos e cassinos, estariam muito mais ricos, mesmo se não tivessem sorte. Não recomendo que você deixe de investir para comprar capitalização, mas recomendo fortemente que você transfira sua verba destinada às loterias para a capitalização.

 

PF – Mas por que, exatamente, são melhores que a loteria?

GC – São sempre melhores do que loterias. As chances de ganho são maiores, e certamente você terá pelo menos a maior parte do dinheiro apostado depois de algum tempo. Ou seja, se tudo der errado com sua escolha ( se você não tiver sorte), ao menos terá seu dinheiro de volta, ou, no caso dos seguros e consórcios, estará pagando por um benefício real. Ao jogar em loterias, o valor de sua aposta vai para o governo – e todos sabemos da tradição de má administração de recursos típica de qualquer nível de governo no Brasil.

 

PF – Qual a chance de ganhar algum prêmio com eles?

GC – Varia de produto para produto. Os títulos de capitalização com prêmios melhores, como casas ou automóveis, têm probabilidade de ganho baixas, mas ainda superior à de ganho na Mega Sena. Há alguns títulos de capitalização com prêmios menores, geralmente vinculados a seguros ou consórcios. Esses possuem chances de ganho consideráveis e devem ser levados em consideração.

 

Espero que as informações as ajudem no seu #planofinanceiro e na #dietafinanceira

 

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