Doente, a empregada doméstica teve que ficar trancada em seu quarto, sem direito a circular pela casa e sem poder comer porque, segundo a empregadora, se ela não podia trabalhar, também não podia comer nem receber salário.

Parece mentira, mas o caso realmente aconteceu. Foi no Rio de Janeiro entre 2010 e 2011 e foi denunciado pelo Ministério Público Federal nesta segunda, dia 14. A empregada doméstica fez uma denúncia porque vivia em situação de escravidão em um apartamento na região de Copacabana. O caso já tinha sido denunciado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), em 2014, mas a Justiça Estadual não aceitou a denúncia para a Justiça Federal. Então, a ação foi enviada ao MPF em abril de 2018, que faz nova denúncia e reforça a competência federal para julgar da ação.

A empregada ficou trancada na área de serviço do apartamento por uma semana e, além disso, há o relato de várias outras humilhações pelas quais as empregadas da casa passavam. A mulher ainda usava termos racistas e ofensas, inclusive proibia que ela e outra funcionária se sentassem no sofá, dizendo que elas precisariam limpar com álcool caso isso acontecesse.

 

A jornada de trabalho também era surreal, começava às 7h e terminava meia-noite, sem intervalo de descanso ou folga semanal. “Para evitar que a vítima, que veio com ela de Brasília, fosse embora, a denunciada alegava uma dívida em função da venda de móveis para a trabalhadora. Alegava também que a vítima havia manchado blusas e quebrado itens da casa, o que seria descontado de seu salário. Fazia ainda ameaças, afirmando que no Rio de Janeiro qualquer bandido bateria por R$ 50 e mataria por R$ 100”, disse o MPF em nota.

Até escrever esta matéria foi algo difícil. É simplesmente inadmissível que qualquer pessoa ache que pode humilhar alguém. Caráter e respeito com o próximo é algo que não tem preço. Esperamos, sinceramente, que essa pessoa seja julgada, que a justiça seja feita e que ela nunca mais pense que humilhar alguém será algo que ficará impune.

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