Um dos grandes desafios das mulheres hoje em dia é conciliar carreira com a maternidade. Não por elas, claro. Sabemos que muitas são conta da vida, profissional, maternidade e família muito bem, mas é fato que existe uma preocupação em como vai ficar a carreira após a licença maternidade.

Uma pesquisa feita pela FGV em 2017, mostra que o número de mulheres que é demitida sem justa causa após a licença maternidade é bem alta: 48%! Isso mesmo, praticamente metade das mulheres que estão trabalhando até a gestação, acabam sendo demitidas até 12 meses após o nascimento do bebê. Mas, queremos mostrar que as empresas não têm nada a perder com mulheres que se tornaram mães, pelo contrário, a maternidade só traz benefícios à mulher.

Pesquisas mostram que as mulheres que se tornaram mães, têm um melhor desempenho no trabalho em grupo e desenvolvem mais empatia com clientes e colegas de trabalho. Além disso, a revista científica Behavioral Neuroscience, diz que há um aumento de atividade nas áreas do cérebro ligadas ao raciocínio, planejamento e julgamento, mostrando que elas continuam a pleno vapor pra tocar projetos profissionais, após o nascimento do bebê.

Bárbara estava há mais de 10 anos na Intel quando decidiu engravidar. Mesmo com muito tempo de casa, rolou uma insegurança em ficar meses fora na licença maternidade. Mas. na volta, ela se surpreendeu não só com a receptividade dos colegas, mas com ela mesma.

“Eu sempre escutei que a maternidade mudava a vida da mulher, mas não tinha ideia do quanto. O trabalho em grupo, o olhar para o outro, foco e criatividade afloraram  nitidamente. Todos perceberam”, comentou a gerente de marketing da Intel Brasil.

Não houve uma avaliação formal feita pela empresa para medir as suas habilidades após o período fora da empresa, mas a gerente foi elogiada pela forma como passou a conduzir os projetos e seus funcionários perceberam maior inclusão e liberdade nos trabalhos. “O feedback não vem com a etiqueta maternidade, mas sei que foi por causa da chegada da minha filha”, completou Bárbara.

 

 

Um outro exemplo de mudanças positivas que atingem à profissional, após o nascimento de um filho, é o de Sandra Gouveia, diretora jurídica da SAP, que foi mãe aos 34 anos, bem no susto mesmo, porque ela não estava planejando ter um bebê naquele momento. Sandra já tinha uma carreira sólida, mas acha que evoluiu muito mais na profissão depois da experiência.

“O olhar para o outro definitivamente mudou. Eu me preocupo com o funcionário, respeito o próximo e entendo que o reconhecimento e o elogio não podem ser econômicos. Entendo que cada um encontra a maturidade em um caminho. A minha veio me tornando mãe”, completa Sandra.

Adriana Daga, gerente sênior de Marketing Corporativo da Salesforce para América Latina, diz ainda que a maternidade atingiu diretamente sua inteligência emocional. Ela diz que os filhos fazem com que as mulheres vejam o mundo sob outra perspectiva. Muitas prioridades mudam, e valores também. Por isso, hoje, ela dá muito mais valor às empresas com olhar humano, que permitem horário flexível e enxergam o indivíduo.

Adriana completa ainda dizendo que o apoio das empresas faz muita diferença na experiência. Pra exemplificar, ela diz que estava há três meses na Salesforce quando engravidou. Com isso, ela se cobrou muito e trabalhou muito mais enquanto estava grávida.

“Fiquei com medo de contar. Eu não queria que ninguém falasse de mim. Fiquei quatro meses de licença e com dois meses comecei a trabalhar de casa. Na volta vi que estava sendo esperada e fui superapoiada”, completa a profissional.

Tendo passado já por duas gestações, Sandra diz que teve boas experiências na volta ao trabalho, e acha extremamente importante que as empresas deem atenção especial às mães que estão retornando às suas atividades pós-maternidade. A SAP possui um projeto de acolhimento, desenvolvido pelo grupo BIN (Business Woman Network), que une mulheres que estão voltando da licença maternidade às mulheres que passaram por essa experiência há pouco tempo.

“Trata-se de um coaching, uma forma de tornar esse momento de transição mais suave. Elas se sentem mais seguras e conseguem responder as principais questões como: será que terá espaço para mim ainda? darei conta de trabalhar e cuidar de um filho?”.

Para Bárbara, o assunto deveria ser discutido de forma natural para que as mulheres não sintam tantos medos. Além disso, a licença paternidade estendida tem feito muita diferença para a família como um todo. “Vinte dias não equivalem a seis meses, mas o fato de a sociedade olhar para isso mostra que este é o rumo natural das coisas: homens e mulheres cuidando dos filhos”, acrescentou.

Já está mais que provado que a maternidade traz muitos benefícios à carreira da mulher, assim como para a empresa também, mas cabe às companhias apoiarem as mulheres desde gravidez até a volta à rotina. Se a mulher encontra esse apoio no ambiente de trabalho, o resultado é muito positivo, porque tem mais incentivo pra executar suas atividade, porque tem prazer ao que faz e à empresa que representa.

 

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