A psicóloga Mônica Mastrantonio conquistou o serviço de acompanhante de idosos em voos de uma companhia aérea após criar um abaixo-assinado, que contou com o apoio de mais de 32 mil pessoas.

Mônica convive com o Alzheimer na família há mais de cinco anos e, desde então, sua mãe Maria Lúcia, 70 anos, passa por tratamento médico e atividades que tentam fazer com que o desenvolvimento da demência senil – perda progressiva das funções intelectuais – seja menos acelerado.

Os desafios são muitos e há um ano, a psicóloga se deparou com mais um obstáculo. Ao comprar uma passagem de avião para que sua mãe viajasse, descobriu que as companhias aéreas não tinham um serviço de suporte para estes idosos. Ela teve que pagar para uma pessoa somente pegar o voo com a mãe, além do bilhete de ida e volta da acompanhante.

A primeira viagem da dona Maria Lúcia com um acompanhante aconteceu no último dia 30/03, no trecho Londrina-São Paulo e emocionou a família.

A conquista de Mônica vai possibilitar que outros usuários que tenham familiares idosos possam usufruir do serviço que já é oferecido para crianças desacompanhadas.

O Formulário de Assistência Especial, no site da Gol, passou a ter itens específicos para idosos e outras pessoas com deficiência cognitivas. A partir de agora, quando o passageiro chega ao aeroporto, esta “classificação” já está atrelada ao código de reserva dele.

A avaliação da Mônica é que esta é uma grande vantagem para quem voa e também para a família.

“A maioria das pessoas com Alzheimer – com exceção de quem está em um estágio avançado da doença – precisa de apoios simples para viajar. É mais um suporte para orientar sobre os procedimentos, subir e descer escadas, pegar a bagagem e, por fim, entregá-la para a pessoa indicada no desembarque. Fiquei muito surpresa quando percebi que nenhuma empresa oferece este cuidado”, ressalta Monica.

Mônica conta que no início foi muito dificil conseguir as primeiras assinaturas e precisou de ajuda dos amigos e da família. “No primeiro dia fui dormir com 50. No segundo eram 100 e pouco tempo depois eram milhares de pessoas em todo o país apoiando a causa”, lembra.

A psicóloga fez questão de responder todos os comentários que eram postados por internautas todos os dias. “Quando a gente cria um abaixo-assinado o objetivo é ser ouvido. A gente quer que as pessoas nos ouçam. E cada comentário novo na petição era um incentivo a mais para não desistir. “Fiquei muito feliz com o resultado da mobilização”, comemora.

A psicóloga ressalta que as empresas e a sociedade brasileira como um todo precisam se preparar para atender os idosos. De acordo Relatório Mundial da Saúde e Envelhecimento, da Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil deve crescer mais do que em todo o mundo. A projeção é que até 2050 a população idosa no país triplique.

Atualmente, de acordo com o IBGE, são mais de 20,5 milhões de pessoas, cerca de 12% da população.

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