A atriz, escritora e youtuber, Kenia Maria, foi nomeada pela ONU Mulheres do Brasil a primeira Defensora dos Direitos das Mulheres Negras, no mundo. Com a nomeação, Kenia entra no grupo de mulheres públicas em favor da igualdade de gênero no Brasil, composto por Juliana Paes, defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e Camila Pitanga, embaixadora nacional da ONU Mulheres.

No Brasil, vivem 55,6 milhões de mulheres negras, que chefiam 41,1% das famílias de afrodescendentes. Em média, essas trabalhadoras recebem 58,2% da renda das mulheres brancas, de acordo com dados de 2015 do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. Duas em cada três mulheres presas são negras num total de 37, 8 mil detentas – número que aumentou 545%, entre 2000 e 2015, segundo o Infopen Mulher.

Entre 2003 e 2013, houve uma elevação de 54% no número de assassinatos de mulheres enquanto houve redução em 10% na quantidade de assassinatos de mulheres brancas. No quadro diretor das maiores empresas no Brasil, as negras ocupam apenas 0,4% dos postos executivos. São apenas duas negras num total de 548 executivos e executivas.

“Tenho fortes razões para acreditar que mudanças estão por vir e para mim é uma honra ser uma das defensoras desta causa. Na verdade, o nosso pedido é muito simples: que a sociedade nos trate como humanas. Sinto uma enorme alegria e satisfação em saber que a ONU Mulheres, juntamente com a Década Internacional de Afrodescendentes das Nações Unidas, tem em sua agenda o objetivo de mobilizar a sociedade para que a enorme demanda das mulheres negras seja ouvida”

Com o novo cargo, a vida de defensora vai mudar bastante – principalmente a sua agenda. Sua função é apoiar os organismos intergovernamentais sobre o status da mulher negra na formulação de políticas, padrões, normas globais e ajudar os Estados-membros a implementar estas normas. A ONU Mulheres foi criada para resolver tais desafios.

“A primeira questão que pretendo debater é a lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. A lei existe, mas não consegue se efetivar. É importante ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.”

 

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