Aos 32 anos, Suelen Presser, que há sete é dona de uma cervejaria no Paraná, faz Planos. A beer sommelier, que começou a fabricar cervejas em casa, trabalhava com pescados quando resolveu se dedicar profissionalmente e abriu a Cervejaria Klein. Prestes a inaugurar a ampliação da fábrica e um restaurante, ela aposta na combinação da gastronomia e bebida.

Nos eventos onde a marca é representada, Suelen é quem explica os processos de fabricação, como se harmonizam as cervejas especiais, e com entusiasmo conquista os consumidores.

 

Plano Feminino: Como começou a sua história com a cerveja?

Suelen: Começou em 2007, eu ajudava meu marido em uma brincadeira que era fazer cerveja na panela. No início eu só lavava o que ele sujava, porque até então eu gostava de beber vinho, e não cerveja. Eu não gostava do sabor. Realmente, antes de começar a fazer cerveja elas não tinham gosto, por isso eu não apreciava tanto. Depois que as produções começaram a dar certo e eu percebi que as cervejas tinham uma identidade, tinham algo a mais, eu comecei a me apaixonar. Aí eu comecei a ajuda-lo a fabricar, em vez de só lavar as panelas e as garrafas. Depois disso começamos a viajar para fazer pesquisas de mercado para investir no negócio. Foi aí que começou a construção do sonho de montar a cervejaria Klein. Até a implantação levamos um ano e dois meses, então abrimos a cervejaria em maio de 2009 com bastante trabalho, estudo, esforço.

Nessa época eu já tinha dois filhos e trabalhava em outro negócio, no ramo de pescados, trabalhava na praia, em Guaratuba (PR), e era cervejeira em Campo Largo (PR). No primeiro momento fiquei com as duas funções e depois que a cervejaria abriu, não tive mais como. Hoje meu trabalho é exclusivo na Cervejaria Klein.

 

Plano: Você é responsável pela criação do produto de vocês?

Suelen: Eu sou Beer Sommelier da fábrica, digo que sou cervejeira por amor e profissão. Não tenho formação de cervejeira, tenho vários cursos de produção de cerveja, atuo na Klein no controle de qualidade, desenvolvimento de novos produtos e, como proprietária, todo mundo sabe, que quem é dono faz tudo, então acabo fazendo de tudo um pouquinho. É a minha paixão, na verdade. Nunca lanço um produto sem, junto com meu marido, discuti-lo, analisar o que queremos, o tipo de amargor, temperatura, levedura. Sempre conto com o apoio dele.

 

Plano: Você percebe que hoje o mercado cervejeiro está mais aberto às mulheres?

Suelen: Muito, inclusive está acontecendo um campeonato de Beer Sommelier, duas mulheres já estão entre as finalistas este ano. Cervejeiras no Brasil, hoje, há muitas. Quando iniciei, éramos eu e mais duas ou três que eu conhecia, e elas são destaque. Minha professora, mesmo, do meu curso, Kátia Zanata, é meu espelho.

 

Plano: O que você acha que é o diferencial da mulher cervejeira?

Suelen: Desde os primórdios, quem produzia a cerveja eram as mulheres. Depois, começou a haver preconceito. O crescimento do número de mulheres cervejeiras vem acontecendo porque as mulheres estão entrando em todas as áreas do mercado, inclusive na área cervejeira, porque a sensibilidade feminina para notar aromas, sabores, é até maior que a do homem. A mulher realmente é um pouco mais detalhista. Não que o homem seja bruto, mas eles fazem de uma maneira um pouco menos elaborada. O trabalho da mulher cervejeira é importante, também, porque a cerveja mudou. As mulheres, hoje, veem a cerveja de uma maneira diferente, como profissão. A cerveja tem características, com a harmonização as pessoas veem a bebida de uma forma diferente, o público também está se tornando diferenciado. Há uma série de coisas que envolvem o mundo da cerveja especial que chamaram a atenção das mulheres e, como gostamos desses desafios, voltamos às origens.

 

Plano: A Klein desenvolveu, inclusive, uma cerveja específica para mulheres, não é mesmo?

Suelen: Exato. Fizemos uma cerveja com uma formulação mais nutricional, com malte de centeio, integral, e chocolate belga, que não tem açúcar. Ela é escura, rica em vitamina B12. O marketing dela diz “ninguém faz amigos bebendo shake”, fazendo referência ao shake de proteínas, porque um copo dessa cerveja equivale a um copo de proteína pós treino, por exemplo, porque é muito nutritiva, mas ela tem uma pegada de corpo e graduação alcoólica que as mulheres que estão iniciando no mundo das cervejas apreciam menos. Mas por harmonizar com sobremesas, por ter notas de chocolate, depois que já estamos nesse mundo, ela encanta. Uma cerveja que as mulheres gostam muito é a Ink, que leva hibisco. Todo mundo toma chá de hibisco. Essa é mais docinha, lembra laranja, tem baixa graduação alcoólica, então tem um apelo no olfato e sabor que remetem à flor, então atraem as mulheres, porque remetem à delicadeza.

 

Plano: No começo da carreira de cervejeira você tinha um foco que foi se desenvolvendo ao longo dos anos. Agora, quais são seus Planos?

Suelen: No começo eu só pensava em trabalhar, não conseguia sair muito dali, fazia um ou outro curso. Hoje eu terminei meu curso de chef de cozinha e busco unir a bebida à gastronomia, porque tudo o que você faz que te marque o momento com aroma, com sabor, com uma sensação, é marcado para o resto da vida. Na cervejaria, hoje, meu foco é, em setembro já estar com o restaurante que estamos implantando – nós estamos migrando a Klein para um lugar maior, vamos aumentar a produção, e vimos com esse conceito gastronômico. É o que eu gosto de fazer. Eu fiz a escolha certa desde cedo. Trabalhava com pescado, que é comida – adoro processo  – e vim para a cervejaria, que é processo e é bebida e agora vou para a gastronomia novamente.

 

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